Câncer de Fígado
O que é câncer de fígado?
O câncer é uma das principais doenças que acometem o fígado, e pode, inclusive, ser decorrente de outro problema, como cirrose hepática provocada por alcoolismo ou hepatite crônica.
Com o tamanho de uma bola de futebol americano, o fígado é a maior glândula do corpo humano e com capacidade muito elevada de regeneração. Atua de forma exócrina e endócrina, liberando secreções e substâncias no sangue e no sistema linfático. Possui extrema importância para o bom funcionamento do organismo, como secretar a enzima bile, essencial no processo de digestão de gorduras, produzir certas proteínas, desempenhar ação antitóxica (metabolizar) de colesterol, álcool e medicamento, armazenar e liberar glicose, algumas vitaminas e saís minerais, filtrar e destruir células desgastadas e micro-organismos, entre outras.
Quais são os tipos de câncer?
É considerado câncer primário de fígado:
- o hepatocarcioma ou carcinoma hepatocelular, que se dá nas células que formam o fígado, chamadas de hepatócitos (a principal e mais numerosa célula hepática)
- o colangiocarcinoma, que acomete os ductos biliares dentro do fígado
- o angiossarcoma, tumor do vaso sanguíneo
- o hepatoblastoma, em crianças
Segundo estudos, entre 80% e 90% dos tipos de câncer são primários. Ocorre até três vezes mais em homens, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Casos chamados de câncer secundário ocorrem quando há metástase e células tumorais de outros órgãos se deslocam para o fígado.
Quais são os sintomas do câncer de fígado?
Câncer primário: quando o tumor está no início, geralmente o câncer de fígado não apresenta sintomas. Os sinais costumam aparecer quando o tumor já está em estágios mais avançados. Os mais comuns são:
- dor do lado direito do abdômen que irradia para a região do ombro
- pele e olhos amarelados (icterícia)
- febre, palidez, fraqueza, cansaço, falta de apetite, perda de peso, náuseas e vômitos, fezes esbranquiçadas
- fígado e baço aumentados
- veias da barriga dilatadas
- coceira
Câncer secundário: quando há metástase, os sintomas costumam ser esses:
- tumor surgido no peritônio: o volume abdominal aumento devido ao acúmulo de líquido na cavidade (ascite)
- tumor surgido nos pulmões: falta de ar quando realiza pequenos esforços
- tumor surgido nos ossos: dores constantes
Dependendo do tipo de tumor hepático, há produção de hormônios que acabam agindo em outros órgãos. Essa ação pode causar:
- Hipercalcemia – aumento de cálcio no sangue
- Hipoglicemia – redução de açúcar no sangue
- Ginecomastia – aumento da mama em homens
- Eritrocitose – aumento dos glóbulos vermelhos do sangue
- Colesterol alto
* importante reforçar que esses sintomas não ocorrem apenas em caso de câncer, e apenas investigação médica conseguirá o diagnóstico preciso.
Como ter o diagnóstico de câncer de fígado?
Segundo o Inca, o câncer de fígado apresenta tempo de evolução muito curto. Em média, em quatro meses ele pode duplicar o volume de sua massa, tempo muito curto em comparação com outros tumores. E com a evolução, a maioria dos pacientes passa a ter níveis anormais de bilirrubinas, fosfatase alcalina e transaminases. Pacientes com diagnóstico de cirrose e que desenvolvem tumor maligno costumam apresentar aumento brusco da fosfatase alcalina, seguido de elevação menor de bilirrubina e transaminase.
Para obter precisão no diagnóstico do câncer de fígado são necessários exames de:
- análises clínicas (sangue) – consegue detectar a presença de proteína liberada pela maioria dos tumores hepáticos malignos
Entre os exames laboratoriais estão:
- hemograma completo – ajuda na avaliação das condições gerais do paciente
- bioquímica sanguínea – permite avaliar possível deficiência de minerais e demais substâncias que o câncer pode alterar
- alfa-fetoproteína – na verdade, é mais eficiente para avaliar situação do tumor após a confirmação do câncer nas células hepáticas
- função hepática – importante para saber as condições do fígado antes de iniciar o tratamento terapêutico
- coagulação do sangue – um fígado doente pode não produzir a quantidade ideal de fatores de coagulação, aumentando o risco de hemorragia. O exame consegue medir o tempo necessário para coagular e parar um sangramento
- hepatite viral – um resultado positivo para hepatite B ou C pode ser um indicativo da presença de um tumor maligno
- imagem – tomografia computadorizada, ultrassom, ressonância magnética, angiografia
- análise patológica – biópsia feita por meio de punção de um fragmento da lesão pela parede abdominal, por biópsia laparoscópica ou biópsia cirúrgica. A biópsia é a forma definitiva para o diagnóstico de câncer.
Como nas fases iniciais do câncer de fígado os sintomas raramente se manifestam, muitas vezes, o diagnóstico é feito quando a doença alcançou estágios mais avançados e já produziu metástases. Por isso, as pessoas que pertencem aos grupos de risco devem realizar exames periódicos de imagem e de marcadores tumorais para detectar possíveis lesões.
Como tratar o câncer de fígado?
A escolha terapêutica se dá de acordo com as condições clínicas do paciente e o estágio em que o tumor está. Quando a lesão é primária, sem metástase, a retirada de toda a parte afetada por meio de procedimento cirúrgico costuma ser o melhor tratamento.
Quando isso não é possível, a alternativa é o transplante de fígado.
Quando nem cirurgia nem transplante são indicados, há outras possibilidades terapêuticas, como quimioterapia e radioterapia. Há também alternativas como ablação por radiofrequência (ondas elétricas provocam aumento da temperatura dentro do tumor), e quimioembolização (aplicação de microesferas contendo agentes quimioterápicos).
A antiangiogênica é um tratamento para casos mais avançados, e se dá por meio de aplicação de drogas quimioterápicas no interior dos vasos que alimentam o tumor, impedindo o fornecimento de sangue.
Embora os tratamentos estejam cada vez mais avançados e eficientes, nem sempre a cura definitiva ocorre. De qualquer forma, as terapias possibilitam melhor qualidade de vida aos pacientes.
É possível prevenir um câncer de fígado?
De maneira geral, a prevenção, com a adoção de hábitos de vida saudáveis, sempre é o melhor a se fazer. No caso de um câncer de fígado evite:
- Consumo excessivo de bebida alcoólica
- Tabagismo
- Automedicação
- Anabolizantes
- Compartilhar seringas
Por outro lado, é fundamental:
- Vacinar-se contra hepatites B e C
- Usar preservativo durante relação sexual
- Fazer acompanhamento do diabetes
Fontes: Inca, Sociedade Americana de Câncer, Oncoguia